terça-feira, 3 de março de 2015

Capítulo 5 - Ciúmes

Capítulo 5 - Ciúmes


O restaurante universitário era espaçoso,  composto de mesas e cadeiras , em padrão cerejeira,  de quatro a seis lugares. O chão era revestido com tábuas de madeira envernizadas, seguindo o mesmo padrão das mesas. A construção era toda em vidro transparente.  Apenas as colunas que a sustentavam eram de pedra escura, o único contraste com a claridade do local. Uma porta giratória,  do tipo que encontramos em bancos , com detector de metais, sinalizava a entrada e saída. Quando Renan e Eloise entraram, o restaurante estava cheio. As altas vozes,  as risadas e o barulho de talheres e o arrastar de cadeiras os receberam como velhos conhecidos. Nem se importaram com a placa de "Silêncio" afixada em uma das colunas.
Uma mistura de cheiros salgados e doces vinha em ondas como um anfitrião atencioso. Era de dar água na boca.  Renan reparou em um self-service ao fundo, do lado direito em relação à entrada. Do lado esquerdo ficavam os banheiros e lavabos.
- Encontrei um lugar pra gente. - disse Eloise eufórica. 
- Esse lugar é realmente incrível.  - comentou Renan admirado.
- Pra mim é normal.  - disse a garota dando de ombros.
Logo a seguir,  arrastou Renan, agarrando-lhe o braço até uma mesa de seis lugares onde dois casais entabulavam uma conversa animada.
- Dá licença Aroldo, Juliet. - Eloise segurou uma cadeira e ficou olhando fixamente para Juliet,  uma menina franzina e sardentinha que estava sentada na cadeira na qual ela, Eloise, havia escolhido para que Renan se sentasse. Bem ao seu lado.
Juliet entendendo os olhares que lhe eram dirigidos,  levantou-se e foi se sentar em uma das cabeceiras da mesa. Mal teve tempo de encostar nela e já teve que se levantar novamente.  Aquele, decididamente,  não era nem o dia nem o momento de se rebelar contra as duas maiores intimidadoras do Victoria's Queen.
- Bem, não estou com muita fome hoje.  Já vou indo então.  -  disse Juliet como se desculpasse por sua presença desinteressante.  E saiu do restaurante de cabeça baixa. O rosto completamente vermelho.  Se era de raiva ou vergonha só ela sabia.
- Olá Aroldo,  Laurie, Paul. - Catherine cumprimentou os colegas que responderam admirados da garota lembrar de seus nomes. Ela não era uma pessoa muito amigável.  No entanto,  ninguém queria cair em desgraça. 
- O que você quer comer? - Eloise perguntou a Renan.
- O que você me sugere? - disse ele.
- Hum! Vamos ver... Filé ao molho madeira com espargos e champignon,  arroz á la grega e salada de rúcula.  É meu prato favorito. - disse Eloise toda doce enquanto fazia desenhos circulares na manga do casaco de Renan.
Catherine fez cara de quem ia vomitar e recebeu um olhar acusador do primo.
- Pensei que o prato preferido dos alunos fosse nuggets com batata frita. - comentou ele sorrindo. Catherine reparou que quando ele sorria, duas covinhas apareciam ao lado de seus lábios.  Pigarreando ela desviou o olhar para os olhos do primo que a olhava desconfiado.
Eloise deu uma risada gutural e respondeu toda dengosa.
- Bem,  também.  A maioria come isso.  Eu prefiro uma alimentação saudável que não me traga dissabores no futuro. Se é que me entende. 
Eloise passou a mão em seu corpo,  denunciando os seios fartos escondidos sob o uniforme e sua silhueta impecável.
Renan engoliu em seco afirmando com um balançar de cabeça que havia entendido.
- Vocês mal se conheceram e parecem muito próximos.  - argumentou Catherine.
- Sinto como se tivéssemos nos reencontrado nessa vida. Renan, será que fomos amantes em vidas passadas? - Eloise conjecturou aproximando-se mais do garoto.
- Será?  - indagou ele olhando de soslaio para a prima e no instante seguinte , encarou Eloise. Ela parecia deliciada com a hipótese sugerida.
- De toda forma, não acredito em coincidências.  Nosso esbarrão de agora a pouco pode ter sido uma artimanha dos deuses para nos juntar novamente.
- Pode ter acontecido assim,  como você diz. O que pensa disso priminha? - perguntou Renan que parecia muito interessado em sua resposta ou apenas queria, como sempre, lhe provocar. Mas ela não ia fazer seu joguinho. Orgulhosa,  ergueu o queixo e respondeu.:
- O que eu penso é que vocês são loucos. Totalmente pirados.  - disse ela rodando o indicador em círculos ao redor da orelha direita.  - Não existe essa de amor eterno , nem vidas passadas.  É melhor comerem logo, pois já vai tocar o sinal.
- Nossa! Como você tá rabugenta hoje Cath. Que bicho te mordeu? - reclamou Eloise de cara feia pra amiga.
- Sou sempre assim. Você é que não deve ter reparado.  Todo esse tempo juntas e nem conhece a amiga.  - retrucou olhando Eloise desafiadoramente.
- Ah! Não me amole! Se está naqueles dias era melhor ter ficado em casa. - acusou.
- Calma meninas!  Não vamos nos exaltar. Eloise,  Cath está com ciumes não percebe? - Renan não se deixou retrair ao receber o olhar colérico de Catherine.
- Ciúmes de mim? - Eloise apontou a mão para si própria.
- Não sei. Mas conheço um ataque de ciúmes quando me deparo com um. Agora vamos nos servir. Como disse nossa princesa ciumenta,  já é quase hora de voltarmos pra sala de aula.
Quando Catherine se viu sozinha,  pois os colegas já haviam saído tão logo terminaram suas refeições,  ela rasgou os guardanapos que estavam dentro do suporte de madeira em tiras, tal era seu mal humor.
- Eles me pagam! A se pagam.
Quando Renan e Eloise voltaram para a mesa, Catherine já havia saído.
Renan balançou a cabeça e um sorriso debochado marcou-lhe os lábios.
Continua. ..

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